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A Vida e as Obras de Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho nascido em Recife, no dia 19 de abril de 1886 foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. No blog vamos mostrar algumas das suas obras e introduzir um pouco de sua vida.
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Resumo sobre Bandeira
Manuel Bandeira (1886-1968) foi poeta brasileiro. "Vou-me Embora pra Pasárgada" é um dos seus mais famosos poemas. Foi também professor de Literatura, crítico literário e crítico de arte. Inicialmente interessado em música e arquitetura, descobriu a poesia por acaso, na condição de doente, em repouso, para tratamento de uma tuberculose. Os temas mais comuns de sua obra, são entre outros, a paixão pela vida, a morte, o amor e o erotismo, a solidão, o cotidiano e a infância.
Vou-me Embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolhereiVou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tiveE como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra PasárgadaEm Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorarE quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90
quarta-feira, 18 de setembro de 2013
Todas as obras conhecidas de Manuel Bandeira
Suas obras:
POESIA: Poesias, reunindo A cinza das horas, Carnaval, O ritmo dissoluto (1924), Libertinagem (1930), Estrela da manhã (1936), Poesias escolhidas (1937), Poesias completas, reunindo as obras anteriores e mais Lira dos cinqüenta anos (1940), Poesias completas, 4a edição, acrescida de Belo belo (1948), Poesias completas, 6a edição, acrescida de Opus 10 (1954), Poemas traduzidos (1945), Mafuá do malungo, versos de circunstância (1948), Obras poéticas (1956), 50 Poemas escolhidos pelo autor (1955), Alumbramentos (1960), Estrela da tarde (1960).
PROSA: Crônicas da província do Brasil (1936), Guia de Ouro Preto (1938), Noções de história das literaturas (1940), Autoria das Cartas chilenas, separata da Revista do Brasil (1940), Apresentação da poesia brasileira (1946), Literatura hispano-americana (1949), Gonçalves Dias, biografia (1952), Itinerário de Pasárgada (1954), De poetas e de poesia (1954), A flauta de papel (1957), Prosa, reunindo obras anteriores e mais Ensaios literários, Crítica de Artes e Epistolário (1958), Andorinha, andorinha, crônicas (1966), Os reis vagabundos e mais 50 crônicas (1966), Colóquio unilateralmente sentimental, crônica (1968).
ANTOLOGIAS: Antologia dos poetas brasileiros da fase romântica (1937), Antologia dos poetas brasileiros da fase parnasiana (1938), Antologia dos poetas brasileiros bissextos contemporâneos (1946). Organizou os Sonetos completos e Poemas escolhidos de Antero de Quental, as Obras poéticas de Gonçalves Dias (1944), as Rimas de José Albano (1948) e, de Mário de Andrade, Cartas a Manuel Bandeira (1958).
Primeiro Livro
Primeiro livro de Manuel Bandeira, A Cinza das Horas, é marcado pelo tom fúnebre, e traz poemas parnasiano-simbolistas. São poesias compostas durante o período de sua doença. Do ano em que o poeta adoece até 1917, quando publica A Cinza das Horas, é que se daria a etapa decisiva e a inusitada gestação de um dos maiores escritores da língua portuguesa.
Segundo ele próprio, Manuel Bandeira, quando publica esse livro não tinha a intenção de começar carreira literária: "desejava apenas dar-me a ilusão de não viver inteiramente ocioso". O eu-lírico vivencia o ato de morrer à medida que (des)escreve sua agonia em seus versos que são seu sangue.
Parte do livro
EPÍGRAFE
Sou bem-nascido. Menino,
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.
Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugia e como um furacão,
Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó -
Ah, que dor!
Magoado e só,
- Só! - meu coração ardeu:
Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria...
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.
- Esta pouca cinza fria.
1917.
Segundo ele próprio, Manuel Bandeira, quando publica esse livro não tinha a intenção de começar carreira literária: "desejava apenas dar-me a ilusão de não viver inteiramente ocioso". O eu-lírico vivencia o ato de morrer à medida que (des)escreve sua agonia em seus versos que são seu sangue.
Parte do livro
EPÍGRAFE
Sou bem-nascido. Menino,
Capa do primeiro livro de Manuel Bandeira |
Fui, como os demais, feliz.
Depois, veio o mau destino
E fez de mim o que quis.
Veio o mau gênio da vida,
Rompeu em meu coração,
Levou tudo de vencida,
Rugia e como um furacão,
Turbou, partiu, abateu,
Queimou sem razão nem dó -
Ah, que dor!
Magoado e só,
- Só! - meu coração ardeu:
Ardeu em gritos dementes
Na sua paixão sombria...
E dessas horas ardentes
Ficou esta cinza fria.
- Esta pouca cinza fria.
1917.
A Vida de Manuel Bandeira.
Manuel Carneiro de Souza Bandeira nasceu em 1886, em Recife. Em 1890 sua família se transferiu para Petrópolis (RJ), e aos seis anos de idade Bandeira regressou à cidade de Recife, por lá permanecendo até os dez anos. De volta ao Rio, cursou o ginásio, no Colégio Dom Pedro II.
Com 16 anos partiu para São Paulo no intento de cursar a faculdade de Arquitetura na Escola Politécnica, porém, ao contrair tuberculose, precisou interromper sues estudos. Assim, retornou ao Rio de Janeiro à procura de cidades que oferecessem um clima mais propício à cura da doença que o acometera, mas em 1913 foi internado no Sanatório de Clavadel, ficando lá por 16 meses.
Em 1917 publicou seu primeiro livro, “A cinza das horas”. A partir de então deu continuidade à sua produção literária, publicando outra obra em 1919, dessa vez, “Carnaval”. Passando a estabelecer contato com o grupo paulista que participara da Semana de Arte Moderna, conheceu Guilherme de Almeida, responsável por indicar suas obras aos demais. A participação do autor no evento em questão foi de forma indireta, mesmo porque decidiu não criticar publicamente aqueles que consideravam os mestres parnasianos e simbolistas, razão pela qual jamais abandonara o lirismo. Nem tampouco se juntara com veemência àqueles adeptos do tom revolucionário, proposto pelos modernistas natos. Dessa forma, podemos afirmar que suas criações são revestidas por apenas ligeiros aspectos modernistas, como a habilidade de abordar temas cotidianos e a liberdade de expressão, manifestada pelo uso de versos livres.
Permanecendo no Rio de Janeiro, além de dar continuidade à sua hábil carreira de artista, tornou-se professor de Literatura no Colégio onde estudou (Dom Pedro II). Em 1940 foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Faleceu em 1968, naquela mesma cidade.
Em virtude de ter se formado com base nas referências literárias do Parnasianismo e Simbolismo, Bandeira não se mostrou preocupado em se adequar a esta ou àquela tendência, mas sim em proferir de maneira magistral as emoções que desejava transmitir por meio de suas criações. Assim sendo, podemos afirmar que sua criação se subdivide em três vertentes básicas:
A fase pós-simbolista, na qual deixa escapar traços ainda ligados ao espírito decadentista do Simbolismo, como também à musicalidade formal. Vejamos, pois, uma criação que bem retrata tais aspectos:
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
De desalento. . . de desencanto. . .
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente. . .
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.
A fase modernista, na qual ele “direciona” seus versos para uma linguagem envolta por um tom coloquialista (fazendo uso dos versos livres e brancos). Constatemos outro exemplo:
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor
Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo
o cunho vernáculo de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar
às mulheres, etc.
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar
às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
A fase pós-modernista, na qual ele faz uma espécie de mesclagem entre o uso dos versos rimados e tradicionais com o uso de versos livres e brancos, bem como as formas populares, como o rondó – caracterizado por um poema com apenas duas rimas e formado de três estrofes, totalizando quinze versos. Constatemos, portanto, um exemplo:
Rondó dos Cavalinhos
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.
E nós, cavalões, comendo...
Tua beleza, Esmeralda,
Acabou me enlouquecendo.
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!
E nós, cavalões, comendo...
O sol tão claro lá fora
E em minhalma — anoitecendo!
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...
E nós, cavalões, comendo...
Alfonso Reys partindo,
E tanta gente ficando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...
E nós, cavalões, comendo...
A Itália falando grosso,
A Europa se avacalhando...
Os cavalinhos correndo,
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!
E nós, cavalões, comendo...
O Brasil politicando,
Nossa! A poesia morrendo...
O sol tão claro lá fora,
O sol tão claro, Esmeralda,
E em minhalma — anoitecendo!
Em todas as fases aqui retratadas há ainda aspectos dignos de menção, entre os quais o fato de nelas prevalecerem três temas dos quais o poeta fez constante uso: a infância, o amor e a morte.
terça-feira, 17 de setembro de 2013
Musicas
Dança do Martelo
Irerê meu passarinho do sertão do Cariri,
Irerê meu companheiro,
Cadê viola ? Cadê meu bem ? Cadê Maria ?
Ai triste sorte do violeiro cantadô !
Ah ! Sem a viola em que cantavo o seu amô,
Ah ! Seu assobio é tua flauta de Irerê:
Que tua flauta do sertão quando assobia,
Ah ! Agente sofre sem querê !
Ah ! Teu canto chega lá no fundo do sertão,
Ah ! Como uma brisa amolecendo o coração,
Ah ! Ah !
Irerê, solta o teu canto !
Canta mais ! Canta mais !
Prá alembrá o Cariri !
Canta cambaxirra ! Canta juriti !
Canta Irerê ! Canta, canta sofrê
Patativa ! Bem-te-vi !
Maria acorda que é dia
Cantem todos vocês
Passarinhos do sertão !
Bem-te-vi ! Eh ! Sabiá !
La ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata cantadô !
Liá ! liá ! liá ! liá !
Lá ! liá ! liá ! liá ! liá ! liá !
Eh ! Sabiá da mata sofredô !
O vosso canto vem do fundo do sertão
Como uma brisa amolecendo o coração
Irerê meu passarinho do sertão do Cariri …
Ai !
O Anjo da Guarda
Quando minha irmã morreu,
(Devia ter sido assim)
Um anjo moreno, violento e bom - brasileiro
Veio ficar ao pé de mim.
O meu anjo da guarda sorriu
E voltou para junto do senhor.
(Devia ter sido assim)
Um anjo moreno, violento e bom - brasileiro
Veio ficar ao pé de mim.
O meu anjo da guarda sorriu
E voltou para junto do senhor.
Quem quiser ouvir as musicas de autoria de Manuel Bandeira, Na voz de Maria Lucia Godoy
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